quinta-feira, 2 de agosto de 2018

BLOGUEIRO DO MÊS - CIDNEY SOUSA, MODO ALEATÓRIO


Há uns dois anos atrás eu costumava a ter um quadro chamado blogueiro do mês, porém desencorajada com contéudo "copiado" e sem encontrar uma escrita que me tocasse a alma, desisti essa pauta. Até que... um belo dia...Eu visitei o blog Modo Aleatório.

 Quanto mais lia, mais queria ler. Foi um blog que pediu de mim reverência, paciência, atenção. Não dá pra ler na pressa. É como aquele restaurante caro que você vai no seu aniversário, que te força a parar tudo e se perder no momento, em cada sabor, em cada mordida. Muitos textos do Cidney saíram na pauta do  Top Top , mas hoje ele traz um texto com muito amor, carinho e dedicação ESPECIALMENTE PARA OS LEITORES DESSE ESPAÇO. 

Aperte o play, curta a trilha sonora e viaje nas palavras de um dos blogueiros que sempre encontra um caminho para trazer à tona as minhas emoções. Cidney, obrigada por participar desse quadro. 

 



Trilha sonora de hoje :
Solar Sailer - Daft Punk 


Aos blogueiros que não têm ambição de serem influencers 
-Cidney Sousa-

Recentemente recebi uma mensagem dizendo que um blogueiro como eu deveria ter milhões de seguidores e que meu blog merece ter muitos acessos. E isso me deixou muito feliz, esse reconhecimento é o tipo de coisa que todo mundo que faz o que ama deveria ter. Mas não pude evitar ficar refletindo sobre a palavra "blogueiro", porque, até então, eu não tinha me visto dessa maneira, nem se quer tinha refletido sobre eu ser alguém inserido nesse meio.

Isso me fez lembrar de quando eu escrevi meu primeiro livro e uma editora até se interessou por ele, me disseram que eu deveria investir na ideia, e por um tempo até me interessei nisso. Mas quando eu vi como funcionam as coisas dentro daquele meio, me veio aquela sensação desconfortável de que eu estava entrando em um lugar ao qual não pertenço. Sabe quando sua energia fica carregada porque você está fazendo algo que vai totalmente contra o que você imaginava para si mesmo? Foi exatamente assim que me senti.

Naquela época, eu descobri que não queria ser um escritor que lança livros, que dá autógrafos e lida com várias pessoas. Foi um momento muito decisivo na minha vida, pois tive que voltar atrás e ser quem eu realmente sou: alguém que gosta de escrever. É tudo o que realmente quero, foi até por isso que criei meu blog. O que agora me fez lembrar do principio de tudo, porque querendo ou não, estamos todos inseridos na época na internet, e se está online é pra ser visto, não?

E eis uma palavrinha que ganhou força nos últimos tempos em uma velocidade incrível: visualização. Durante essas férias, eu não fiz nada mais que ficar em casa assistindo aquela novelinha boba do Disney Channel, Soy Luna, e, de certa forma, ela serviu para que eu visse como essa geração que está vindo após a minha está funcionando. Porque quando os primeiros blogueiros começaram a surgir, a realidade da internet era totalmente outra, porque agora tudo parece um tanto artificial e pessoas se tornaram apenas ferramentas para que empresas fiquem cada vez mais ricas.

Em Soy Luna, uma das personagens é super antenada, tem um canal numa plataforma similar ao YouTube, e não há um episódio se quer em que ela não fale sobre ter muitos viwes e likes. E isso me fez até lembrar uma blogueira que acompanho há bastante tempo (até mesmo muitos outros) fazendo algo que eu não teria coragem de fazer: pedir por likes. Eu sempre me sinto incrivelmente incomodado com esse tipo de atitude, "se inscreve no meu canal", "me dê like", "deixe comentários".

Percebe como meio que perde a naturalidade? É como se, de certa forma, eles te condicionem a isso, quando deveria ser totalmente o oposto. Deixar o like se você gostar mesmo do conteúdo, comentar quando realmente tiver algo de interessante a dizer e se inscrever porque realmente se identifica com aquela pessoa. Porque o que realmente está por atrás de todos esses pedidos é apenas dinheiro ou ganancia por popularidade. Nada mais que isso. E é isso que me incomoda de certa forma, porque parece que as visualizações, os números, estão sempre à frente do conteúdo.

A internet se tornou uma ferramenta de fácil acesso à grande parte da população, e hoje em dia, com plataformas como o instagram, creio que nos tornamos todos um pouco blogueiros. Estamos sempre indicando um livro que lemos ou um lugar que fomos. Com o crescimento do número de pessoas online, estamos todos tentando dizer uns aos outros coisas legais e dicas que consideramos importantes para melhorar a vida um do outro. Mas nem sempre o que vem para melhorar, realmente melhora, porque tem muita gente espalhando mensagens ruins por aí.

Outro dia, eu vi uma garota que sigo no instagram dando dicas de moda, aquela história de "roupas para cada corpo", e uma das dicas foi uma roupa que disfarçava o culote... Se levarmos em conta a época revolucionária em relação ao corpo que estamos vivendo, a dica dela é totalmente antiquada, pois não é momento para se esconder debaixo de roupas e dicas ruins, é tempo de se assumir na própria pele e se amar do jeitinho que se é. E esse é apenas um dos perigos em viver na geração dos "influenceres", palavrinha que até me faz revirar os olhos.

Esse ano mesmo, Manu Gavassi foi indicada a um premiação da MTV na categoria blogueira, e no mesmo dia ela pediu que retirassem o nome dela dali. Antes de tudo, ela é cantora e atriz, não blogueira, segundo, a mesma sempre demonstrou pavor a tal estilo de vida, mas, como eu havia mencionado anteriormente, nos tornamos todos um pouco blogueiros, principalmente aos olhos dos outros. De repente, a palavra blogueiro ganhou uma conotação até mesmo sarcástica, é normal ver as pessoas por aí brincando de serem "blogueirinhos".

Mas claro que isso se resume a um tipo especifico de pessoas trabalhando nesse meio, porque sempre existe um oposto pra tudo. Tem perfil fazendo conteúdo para todo tipo de gente, cada um com sua particularidade. E sei que tem muita gente boa por aí que só queria ser vista, e acho que isso que me chateia um pouco, saber que as pessoas leem mais blogs que dão dicas para elas ficaram mais bonitas do que algo que mude elas por dentro.

Talvez seja por isso que gosto de pensar que vivo nesse meu cantinho visível-invisível, um no qual estou apenas escrevendo, sem a necessidade que gostem de mim ou que me vejam. Porque um dos meus maiores medos é me perder nesse mundo onde o dinheiro existe em abundancia à medida que minha inspiração é comercializada. E não é que o dinheiro não me empolgue, mas talvez eu sinta falta daqueles blogs lá de 2006, ou como o Depois dos Quinze no começo, quando a Bruna Vieira fazia mais crônicas, hoje em dia ela nem faz mais isso, existe outra pessoa na equipe para fazer esse tipo de post.

É como se quando você encara isso como profissão, você tem que estar antenado ao que as pessoas estão falando, ao que elas querem ouvir e o que fazer para se manter ali entre os blogs mais acessados. E respeito essas pessoas, é o ganha pão delas, eu só não sei se me meteria nessa. Tem um Youtuber que no começo até gostava dele, mas depois notei que à medida em que ele ficava mais famoso, os vídeos dele foram perdendo a qualidade. Chegou um momento em que ele perdeu aquela coisa genuína, não parece que ele fala o que sente e sim o que as pessoas querem ouvir.

Apesar de ser a época onde as pessoas mais pregam que a moda é ser você mesmo, ainda tem muita gente aprisionada aos comentários de outras pessoas. São os números que vem à frente nessa geração. É como uma versão bizarra de um boletim escolar, quanto maior a nota, melhor você é. Mas se tem uma coisa que a faculdade me ensinou, foi que uma nota não me representa e nunca será capaz de resumir a pessoa que sou. Mas, ainda assim, eu queria que blogueiros fossem vistos como pessoas que têm algo a dizer e não como influenciadores, sempre armados com uma dica e a promessa de que é a melhor de todas.

11 comentários:

  1. Olá Gisley
    Cidney escreve com o coração, bela postagem, desejo um ótimo final de semana. Bjs

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    1. Ele sabe como tocar o coração de cada pessoa de uma forma muito singular. Beijos!

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  2. Oie Davi, grata pela sua visita :) Volte sempre!
    Obrigada :)

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  3. acho que esse blog pra vc e como o seu pra mim!
    adoro ler tudo que se posta porque nossa me indentifico tanto com suas postagens!! me fazem refletir!!!

    olha!
    essa postagem dele foi maravilhosa! muito boa mesmo!!!
    vou la conhecer o blog dele!!!
    beijos lindona boa semana

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    1. Oie Luana! Nossa, muito obrigado pelo carinho. Ás vezes é fácil achar que o que a gente faz tá passando em branco ou não toca o coração de ninguém, mas tem gente que tá prestando atenção e se identificando. Muito obrigado pelo seu encorajamento! Beijos!

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  4. Bom dia, querida amiga Gisley!
    Identifiquei-me nesta postagem pois tenho blog que nem comentário tem, mas eu prossigo feliz pois também sou:
    "alguém que gosta de escrever."
    Gosto muito do que escreve com lucidez e contritamente.
    Tenha dias felizes e abençoados!
    Bjm fraterno e carinhoso de paz e bem

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    1. Oie Rosélia, Cidney Sousa renovou minha fé no mundo dos blogs e estou tão feliz que ele decidiu escrever para gente!!! A mensagem dele precisa ser passada adiante!Beijos :)

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  5. Novamente agradeço sua visita, Gisley. Foi bom encontrá-la no Vida & Plenitude.

    Interessante o seu post, a blogosfera oferece assuntos diversos. As pessoas hoje em dia procuram mensagens "rápidas" e com conteúdo. GOSTEI DO QUE LI AQUI. Todos os blogueiros têm algo a transmitir a seu modo e combinando c a sua personalidade.
    Um abç

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  6. Amei muito!!!
    Eu ainda acho que blog é algo pra legal, eu pelo menos trato meu blog como um diário mesmo. É meu refúgio na internet, onde gosto de compartilhar o que eu gosto.
    Se vier reconhecimento, views e likes ótimos se não, vou continuar postando mesmo assim.
    Acho que a palavra blogueiro meio que perdeu seu real significado o que é meio triste pra nós que continuamos aqui.
    Ah, e não sabia disso da Manu Gavassi, fiquei admirada. Bacana a atitude dela.

    https://heyimwiththeband.blogspot.com/

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  7. Abençoada noite pra você,Gisley.
    Deus te conceda uma noite de paz!


    “A maravilha do Evangelho não é que Deus escolheu o amor em vez de justiça, mas que Ele permanece justo enquanto, em amor, concede perdão.(Paul Washer)

    Um abraço!

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  8. Penso assim também. Não curto muito o nome blogueira, tanto que no meu Instagram a categoria é autor. Não me vendo por amostrinhas e nem quero. Vejo essas meninas blogueiras juvenis publicando "to apaixonada por esse sapato" e claro que não dá pra não notar que é artificial( às vezes pode até não ser, mas...)
    Mas como o Cidney afirmou e o ganha pao delas.

    Eu acredito em algo mais genuíno, tanto que mudei o que eu fazia. No começo eu queria andar com a multidão, tanto que tem um monte de resenha de coisa no meu blog. Mas não era eu. Eu me sentia incomodada e ficava pensando : sou nem testadora profissional oras... E foi ficando um saco. Hoje eu até falo, escrevo sobre produtos , mas é raro.Costumo colocar numa categoria chamada favoritos e quase tudo repetido porque dificilmente troco algo que está funcionando. Tenho economizado, incentivado um consumo consciente e trabalhado nos meus posts o crescimento da alma , do ser e não do ter. Tem blogs demais explorando os desejos materiais do homem, precisamos de mais blogs assim que nem o seu , o do Sidney, que a gente lê com gosto um post ate o final e tem prazer em comentar porque sai mais rico. Bjo grande!

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